Século das mãos

 

“Estendi as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos.”
ISAÍAS 65:2

Século XX. Século de mãos coloridas
Aquelas que cantam vingança
Que se mergulham no sangue
Sugado das fracas veias.

Século XX. Século de mãos aleijadas
Aquelas que revezam suas forças
Com frias potências inertes
Famintas por inteligência.

Século XX. Século de mãos aleijadas
Aquela que se recusam a labutar
E sequer tentaram granjear
Os talentos que lhes foram confiados.

Século XX. Século de mãos cansadas
Aquelas que hastearam em si
A agradável bandeira do sono
Para adormecerem na própria fuga.

Século XX. Século de mãos ávidas
Aquelas que bastante sedentas
Planejam, traçam e a qualquer preço
Expõem seus gloriosos projetos.

Século XX. Século de mãos condenadas
Aquelas que se conduzem às cegas
À teia das drogas, vícios e sexo
E compõem a triste canção da destruição.

Século XX. Século de mãos avarentas
Aquelas que se apetecem de bens materiais
Atropelam-se nas necessidades
Encolhem-se e não cedem.

Século XX. Século de mãos suadas
Aquelas que cavoucam todos os dias
A terra sisuda e fértil
Que gera o nosso sustento.

Século XX. Século de mãos enlameadas
Aquelas que se atolam na massa grossa
Aperfeiçoando-a compassadamente
Para erguer robustos alicerces.

Século XX. Século de mãos tristes
Aquelas que apontam as lágrimas
Brotando dos seus olhos amargos
E não têm forças sequer de retê-las.

Século XX. Século cheio de mãos
Principalmente daquelas que ignoram
A MÃO que hoje se apresenta
Com a marca inesquecível dos cravos
Por fazer obras maravilhosas
Acalentar fracos
Sarar enfermos
E sobretudo acolher necessitados.
A MÃO que acima de tudo nos amou
A ponto de ser sacrificada na CRUZ!

*Poesia publicada no livro “…mas a alegria vem pela manhã”, de Onã Silva 

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