“É invisível a muitos, uma sala de aula rude,
sem teto nem professor, cheia de alunos de
corpos magros e suados que, sob o impulso
sôfrego da enxada pesada, deixam a terra nua
e entregam seus esforços ao tempo que encar-
regará de recheá-la de abundância (ou não).
Esse é o processo causticante que supre as
nossas necessidades.
Aqui lambuzam-na de preto
Sufocam sua fertilidade
Mas, terras, em outras terras,
Lá na terra da sofreguidão
São cavoucadas
Recheadas
Com mudinhas franzinas.
Espera… espera…
Até que despertam gordinhas
E no canteiro barrento
Concebem sustento!
O criador é rude
Nada em escola aprendeu
O pincel é a enxada
Que dilacera e deforma
Mãos para o apogeu.
E essa gente de fronte fechada
Limpa o suor e conforma
Adula a enxada
Pois na terra amassada
A semente tem que vingar!
*Poesia publicada no livro “…mas a alegria vem pela manhã”, de Onã Silva